
Por Que os Desenvolvedores Estão Se Distanciando dos Monólitos Novamente
Nos últimos anos, a arquitetura de software passou por várias fases de popularidade, com os monólitos sendo fortemente substituídos por microserviços a partir da década passada. No entanto, em 2025, observa-se um movimento crescente de desenvolvedores e empresas que estão se afastando do modelo de microserviços para, em muitos casos, retornar a arquiteturas monolíticas ou híbridas. Mas por que essa mudança está acontecendo?
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Este artigo explora os motivos que estão levando essa nova onda, destacando as vantagens e desvantagens de cada abordagem, e os contextos em que os monólitos reaparecem como a escolha mais prática.
O Que São Monólitos e Microserviços?

Antes de aprofundar o tema, é importante lembrar que uma arquitetura monolítica significa que todo o sistema — interface, lógica de negócio e acesso a dados — está integrado em uma única aplicação executável. Já os microserviços dividem a aplicação em serviços pequenos, independentes e que se comunicam por APIs.
Os microserviços ganharam fama por sua escalabilidade e flexibilidade, permitindo que times trabalhassem em partes isoladas da aplicação. No entanto, esse modelo não é perfeito e tem suas próprias complexidades.
Os Desafios dos Microserviços que Estão Reforçando o Retorno ao Monólito
1. Complexidade de Gerenciamento
Gerenciar dezenas ou centenas de serviços pequenos traz desafios enormes em termos de deploy, monitoramento, logging, versionamento e comunicação entre serviços. Isso exige uma infraestrutura sofisticada, que nem todas as empresas possuem ou desejam manter.
2. Dificuldade na Depuração e Testes
Quando uma falha acontece, rastrear o problema entre múltiplos microserviços pode ser complexo e demorado. Além disso, os testes de integração exigem ambientes complexos que reproduzam o ecossistema completo.
3. Custos Operacionais Elevados
Rodar muitos serviços independentes, cada um com suas instâncias e recursos, aumenta custos em cloud e demanda equipes especializadas em DevOps, algo que nem sempre é viável para startups ou empresas menores.
4. Latência e Problemas de Comunicação
A comunicação via rede entre microserviços adiciona latência e aumenta o risco de falhas, impactando a experiência do usuário e exigindo mecanismos complexos de tolerância a falhas.
O Que Está Motivando o Retorno ao Monólito?

1. Simplicidade e Menor Sobrecarga
Monólitos permitem que desenvolvedores concentrem esforços em um único código base, facilitando a manutenção, testes locais e deploys. Para muitos projetos, a complexidade dos microserviços não compensa, especialmente se a aplicação não é massivamente escalável.
2. Desenvolvimento Mais Rápido em Equipes Pequenas
Times pequenos e startups valorizam a velocidade de desenvolvimento. Um monólito bem estruturado pode ser entregue mais rapidamente e com menos dores de cabeça do que um sistema distribuído.
3. Ferramentas Modernas que Facilitam Monólitos Escaláveis
A evolução das linguagens, frameworks e ferramentas de build, caching e orquestração ajuda a criar monólitos modulares, com código organizado em componentes desacoplados, tornando o sistema mais escalável e fácil de manter do que os monólitos tradicionais.
4. Arquiteturas Híbridas e Modular Monolítico
Em vez de um monólito gigante e difícil de gerenciar, muitos adotam o chamado “modular monolith” — um sistema único dividido internamente em módulos claros, com fronteiras bem definidas e baixo acoplamento. Essa arquitetura oferece o melhor dos dois mundos: simplicidade e organização.
Quando Microserviços Ainda São a Melhor Escolha
Apesar do movimento, microserviços ainda são ideais em contextos específicos:
- Sistemas com necessidade extrema de escalabilidade horizontal.
- Equipes grandes e distribuídas que demandam autonomia entre times.
- Aplicações com múltiplos domínios complexos que podem ser fragmentados logicamente.
- Projetos que precisam de alta disponibilidade e tolerância a falhas isoladas.
Conclusão
A arquitetura de software é uma questão de trade-offs. O que funciona para uma empresa ou projeto pode não ser a melhor escolha para outro. Em 2025, o mercado está vendo um equilíbrio entre simplicidade e escalabilidade, com desenvolvedores resgatando os benefícios do monólito para contextos onde a agilidade e redução da complexidade operativa são prioridade.
Mais do que simplesmente “microserviços ou monólito”, o importante é avaliar o cenário, a equipe, o produto e escolher a arquitetura que permita entregar valor com eficiência, qualidade e escalabilidade compatível com o crescimento do negócio.
Assim, o retorno dos monólitos mostra que, em desenvolvimento de software, nem sempre o mais novo é o melhor — às vezes, o que foi deixado para trás é exatamente o que precisamos para avançar.